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Pintar quadros com martelos

Mais um mês, mais uma voltinha, e mais uma crónica do futebol universitário do Técnico. O mês do bigode e da abstinência trouxe maus períodos de forma para alguns dos maiores clubes da Europa e o Técnico não se escapou, perdendo os primeiros pontos no campeonato. Além disso, novembro trouxe também o resultado das tão esperadas eleições, cujo impacto vai ser sentido de forma clara e imediata. As mesas de voto revelaram uma vitória contundente da lista A, que garante assim a continuidade do seu mandato na Associação de Estudantes com 71% do voto popular. E que impacto! Ao contrário do governo, a recém-eleita AE rapidamente aprova o seu orçamento e atendeu ao pedido da equipa de sete bolas! Com reduzida urgência em apanhar as bolas que vão para longe, a posição do mister Bernardo terá de ser prontamente reavaliada.

Mas vamos ao que importa. Foi no dia seis de novembro que a bola rolou pela primeira vez, num encontro entre os engenheiros da Alameda e os engenheiros de Chelas. Um Técnico apreensivo rapidamente se tranquilizou quando o guarda-redes do ISEL colocou a bola nos pés de Duarte Chambel, que apenas teve de rematar. O guarda-redes adversário ainda se esticou para fazer uma fantástica defesa com a ponta do pé, desviando a bola diretamente para o fundo das redes: 1-0 para o Técnico. Ao sentir sangue na guelra, a equipa aproveitou para ir para cima com golo atrás de golo, num atropelamento que se tornou em mais um caso de emergência que o INEM em greve não conseguiu responder. Tiago Amado aproveitou para fazer o seu primeiro hat-trick que não envolveu beber três imperiais, triplicando assim a sua marca de golos da época transata. Duarte Chambel fez o segundo do seu bis e eu marquei um golo de insistência, assumindo o desafio de anunciar o meu próprio golo, algo que o anterior cronista sempre teve o cuidado de evitar. No entanto, o destaque tem mesmo de ir para os estreantes. Tiago Costa, além de ter marcado um golo, assistiu mais dois, apresentando uma forte candidatura para Man Of The Match. Pignatelli marcou um belo golo de ataque à profundidade que trouxe memórias do nosso prodígio norueguês. Se Philip fazia lembrar o conterrâneo Haaland, João Pignatelli pode ser comparado com outro craque da Premier League, o Beto. Por último, João Sousa puxou para dentro e pô-la na “caixa” naquele que foi o golo da partida, mostrando que só faz golos feios a partir da meia-noite. IST e ISEL ficam então separados por 3 estações de metro, 6 pontos de média e 9 golos, com uma boa exibição do Instituto apenas manchada pela habitual palestra a seguir ao jogo. A escolha de Tomás Martins para substituir Duarte Honrado no discurso foi tão indicada como a de pintar um quadro com um martelo. Depois de muitos treinos no banho, não deixou margens para dúvida de que devia deixar o seu futebol falar por si.
Chegamos então ao pós-jogo, uma altura crítica da vida de jogador profissional universitário, que infelizmente não correu da melhor forma na época passada. Sem querer difamar o McDonald’s da Padre Cruz, todos preferimos um sítio onde a cerveja não venha dentro de latas e onde nós sejamos a clientela com pior aspeto. Tudo parecia perdido quando João Trindade, um jogador histórico da equipa, renasceu das cinzas para nos fazer uma última assistência: o Cantinho da Sónia. Depois de difíceis negociações, o estabelecimento concordou em abrir as portas para os jogadores à meia-noite e permitiu que a nossa dieta em dia de jogo se passasse a compor exclusivamente por bitoques. Um ovo ao almoço, um ovo ao jantar e 10 imperiais significam que a entidade mais massacrada deste dia não foi o ISEL, mas sim o nosso fígado.

O segundo jogo do mês trouxe um adversário mais complicado, a FMH, o que seria o primeiro teste de fogo à equipa deste ano. Logo, os engenheiros aproveitaram para fazer aquilo a que já estão habituados em primeiros testes: chumbar e deixar para o recurso. O jogo até começou bem para o Técnico, que imprimiu uma pressão sufocante nos primeiros 15 minutos. O domínio deu frutos quando Amado recuperou uma tentativa de passe em profundidade e lançou Chambel, que ganhou a frente ao defesa e inaugurou o marcador. Por breves momentos, o jogo aparentou tomar contornos semelhantes ao anterior. No entanto, o campeão nacional não conseguiu manter os níveis de intensidade e permitiu que a FMH entrasse no jogo, tornando-se mais ameaçadora até ao intervalo. Depois da pausa, as oportunidades voltaram a surgir para o Técnico. Com um negacionista de vacinas como secretário de saúde e um suspeito de crimes como procurador geral, Donald Trump concordaria com a nomeação do mister Zé: um ponta de lança com dificuldade em fazer golos. Isto pode parecer duro com Duarte Chambel, que com o primeiro golo se colocou no topo da lista dos marcadores, mas se toda a gente falhasse o alvo de tão perto como ele ainda havia torres gémeas. O sub-capitão Diogo Vilela entrou para dar continuidade à festa de golos falhados, com um cabeceamento dentro da pequena área e um remate à queima-roupa que teimaram em não entrar. Ao menos o Tiago foi a uma festa. Foi mesmo preciso a entrada de Guré para mudar o rumo do jogo. Trazendo um pouco da mística da Católica para a sua nova equipa, não demorou sequer um minuto para que um dos seus companheiros desse uma casa. Luís Viegas falha o corte e permite que o extremo da FMH remate de primeira para um golo de belo efeito. Soou o apito final e, apesar dos efusivos festejos dos nossos adversários indiciarem um resultado diferente, o encontro acabou mesmo empatado a uma bola.

Termina assim novembro com uma nota menos positiva, mas não há razão para inquietudes! Ao contrário do Sporting, o Instituto não tem quaisquer razões para temer dezembro. É hora de combater a sensação de insegurança do balneário, não com operações policiais em bairros problemáticos, mas sim com vitórias em relvados cujo único problema é não haver sítio para tomar banho.

Espera-nos um mês de gala e convidados tão improváveis nos nossos jogos como Armando Djigirijohnson no watch tm.

Até lá, um abraço à família Les Bleus,

Guilherme Jardim