noticias_bg

Arquivo

Coimbra 2011–10 anos depois #4

14 abril 2011

Podia ter sido um dia perfeitamente banal, mas para a nossa Família foi um daqueles dias que não serão esquecidos. Aliás, toda esta semana foi algo de inexplicável desde a partida no Domingo até ao regresso no fim-de-semana seguinte.

Todos tínhamos o sonho de ficar até ao último dia, mas a missão não era fácil. Para chegar a esse momento tínhamos que passar a FADEUP nos quartos, jogo este que viria a ser um clássico nesta Competição e nesta mesma fase. Os festejos do apuramento frente ao nosso arquirrival Direito tinham terminado e era tempo de preparar a equipa para um dos jogos mais importantes até à data da nossa História. Parece que foi ontem, palestra via digital com as cadeiras dispostas no nosso sistema tático e à medida que o Pirata ia dizendo o 11, os jogadores iam sentando-se na respetiva cadeira. Com o aproximar da hora, a ansiedade começava a apoderar-se e aquele nervoso “miudinho” estava mais presente. Estávamos todos focados e preparados para esta guerra. Queríamos muito este momento, acima de tudo vivê-lo e com aqueles que trabalharam durante uma época para ele.

O mote estava dado e o 11 focado, concentradíssimo e que tinha a curiosidade de ser um dos mais “baixos” que tenho memória (era o nosso keeper o elemento mais alto). A 1ª parte não nos correu muito bem, equipa ansiosa e que estava a ambientar-se a um jogo duma dimensão que muitos de nós ainda não tinha experienciado. Do outro lado os desportistas nortenhos tinham outra experiência o que os levou para o intervalo com a vantagem mínima. No balneário, o silêncio instalou-se, mas acabou por ser um daqueles “intervalos” que fizeram a diferença toda. Notava-se algum cansaço inerente ao acumular de jogos, mas como alguém bastante sábio dizia “isto já não é físico, não é tático, é Mental”. E a nossa força mental veio ao de cima para ultrapassar as adversidades que o jogo nos estava a proporcionar.

Para a 2ª parte entraram Cardoso e Estrela e com as mudanças feitas o jogo começou a ser mais fluido. Cerca do meio da 2ª parte, livre para a FADEUP à entrada da área, o chamado “penalty com barreira”. Era um daqueles momentos que podia definir o jogo e foi isso mesmo que aconteceu, mas para nossa felicidade foi para o nosso lado: livre marcado de forma exemplar, mas o nosso “Moretto” fez uma das defesas mais importantes pelo Instituto. O jogo continuava em aberto e na resposta aconteceu o que todos mais aguardavam: triangulação entre Galão e Estrela, bola posta nas costas da defesa e Cardoso a dar a igualdade que já era merecida por todo o trabalho feito. Seria este o resultado final, mas era preciso encontrar o vencedor através dos pontapés da marca de penalty.

Estávamos nas nossas “7 Quintas”. Não queria ser o primeiro nem o último, então decidi assumir o 4º penalty. Acabámos por perder o sorteio e iríamos desafiar a estatística ao ser os segundos a bater. Do nosso lado a confiança era total e foi mesmo a FADEUP a falhar primeiro. A nossa confiança era total e com a vantagem do nosso lado ainda mais. Chegou a 4ª ronda, “A” ronda decisiva: Tiago Marques defendeu e tínhamos 2 match points para fechar a eliminatória. Quando vi a defesa percebi logo a responsabilidade que tinha em mãos. A caminhada do círculo central até à marca foi longa, sozinha por um lado, mas na companhia de toda a equipa que estava comigo. Bola na marca, árbitro apita, confiança absoluta e o destino daquele remate ficou traçado durante a corrida de balanço: milho ao meio da baliza e meias-finais alcançadas. Mais uma descarga de adrenalina, mais um soltar de emoções, mais um momento histórico para esta geração.

Passaram 10 anos sobre esta prova e arrisco-me a dizer que foi “O” momento que fez despertar o click para aquilo que foi o futuro do futebol da AEIST, bem como o nascimento do TFC. Partimos com muitos sonhos e ilusões para Coimbra. Acabou por ser MUITO melhor do que todos nós imaginámos.

Texto por Vasco Marques

11 titular: Tiago Marques, Daniel dos Santos, João Festas, Vasco Marques, Vasco Nascimento, Jonas Pereira, Bernardo Madeira, João Rino, Nuno Brás, Marinho, Galão.