Coimbra 2011–10 anos depois #4
Técnico 1–0 Direito
3a jornada [2º jogo] da Fase de grupos do CNU 10/11
Dia 13 de Abril de 2011. O relógio bate nas doze horas, e ambas as equipas se encontram perfiladas no túnel de acesso ao relvado do Estádio Sérgio Conceição.
Estamos a menos de um palmo “deles”, mas há um silêncio único. Ninguém fala. A concentração é absoluta. Sinto um orgulho tremendo nos dez que me seguem. Não combinámos nada, mas estamos em completa sintonia.
Eu, o Capitão, fixo o relvado que me surge exatamente ao nível da minha visão. As escadas, e os seus cinco degraus, são o último obstáculo que nos separa do campo de batalha.
Estamos mais do que prontos, mas a equipa de arbitragem teima em não apitar. Confesso que esta tensão adicional me está a oferecer uma adorável sensação.
Na verdade, este jogo já tinha começado a ser ganho há três semanas atrás. “Eles” é que ainda não tinham percebido.
Três dias antes chegava a comitiva do Instituto a Coimbra.
Duas vans de nove, carregadas de um espírito único em busca do título em falta no plano universitário.
Em virtude do lastimável “afastamento” da Final do Regional, fomos obrigados a jogar o play-off de qualificação para ter acesso à fase de grupos do Campeonato Nacional Universitário.
Consequentemente esta era uma viagem que poderia ser de 48 horas apenas. No entanto, fomos capazes de transformar a dita em oito dias para a eternidade!
O segundo lugar obtido no play-off colocou-nos no grupo pretendido, o grupo B. O “deles” …
Conseguimos assim selar dois objetivos: ampliar a estadia mínima por mais dois dias, e marcar novo encontro com “eles” no último jogo do grupo. Muito possivelmente aquele que seria o decisivo na passagem aos quartos de final. E assim foi!
No primeiro jogo do grupo, “eles” são derrotados por 1–0. E nesse mesmo dia foi a nossa vez de enfrentar os de Leiria. O empate sacado nos descontos com o worldie do Paulinho deixou-nos na melhor posição possível para assegurar a passagem à fase seguinte.
Mais tarde, e como sempre após o jantar, era altura de cumprir uma das tradições da semana. Caminhar até à praça para bebermos uma (única) cerveja em conjunto. Por esta altura, após 72 horas consecutivas em família, já todos tinham percebido o que nos esperava no dia seguinte.
Um amanhecer radiante, um pequeno-almoço reforçado, “equipar” as vans, e estávamos perante o momento mais aguardado: a soundtrack do Rocky II. A versão instrumental completa, típica dos grandes filmes dos finais da década de setenta e inícios de oitenta. A quinta e a sexta faixa tinham a exata duração do percurso compreendido entre o hotel e o Estádio batizado com o nome do atual treinador do Porto. A partir do momento em que eu colocava a chave na ignição, só havia espaço para absorver o génio musical de Bill Conti.
Já no balneário se percebia que não era necessária vasta palestra. Sabíamos bem para o que íamos, e o que queríamos.
Um empate bastava, mas a vitória dava-nos o primeiro lugar e a possibilidade de defrontar a FADEUP nos quartos.
O jogo não teve grande história, e “eles” só tiveram uma oportunidade para nos ferir. Logo nos minutos iniciais, o falso “nove” isola-se devido a uma falha de comunicação da nossa linha defensiva de quatro. Mas deparou-se com uma saída destemida do Tiago Marques, que lhe fez uma mancha monstruosa! Segurando assim toda a nossa equipa na sua luva direita.
O zero a zero ao intervalo transmitia conforto, e o arranque da segunda metade só indiciava que a qualquer altura poderia surgir o nosso golo.
A entrada do Carlos Estrela, tal como no fatídico jogo de 24 de março de 2011 nas meias-finais do Regional, foi determinante. O golo caiu de penalty. Estrela não perdoou!
Era o 1–0, e a confirmação do primeiro lugar no grupo pois tínhamos vantagem no confronto direto com Leiria (nos cartões amarelos).
O resto é história.
Texto por Pedro Maia
11 titular: Tiago Marques, Pedro Maia, João Festas, Vasco Marques, Vasco Nascimento, Jonas Pereira, Bernardo Madeira, Jaime Luís, João Cardoso, Nuno Brás, André Quaresma.