Época nova, época de mexidas. Não há como esconder que a época anterior foi
equiparada à do Benfica – plantel promissor, treinador carismático e de personalidade forte,
mas a equipa acaba a jogar o triplo… De zero. O sonho do nacional parecia o Pavilhão Multiusos
de Caminha – não passou do imaginário. Aliando os maus resultados a uma avalanche de
entregas de tese, a base do plantel muda. Caras novas, sangue novo.
A primeira substituição passa pelo banco de suplentes: equipa técnica nova. Pedro
Castro e Miguel Lamuria penduram as botas e agarram a braçadeira de treinador numa fase
mais madura das suas vidas – trocaram o Baile Funk pelo Baile de tática, a chuteira pelo apito, o
quadriculado dos cartões do arraial pelo quadriculado do Excel.
No plantel mais uma dúzia de aquisições. De luva nas mãos e corpo espartano, chegou
o Urban(o). Ainda para a baliza, chega o Brasil que não gosta do número 6 – a seleção não
consegue chegar ao hexa e o Henrique não consegue chegar aos treinos de 6ª. A dupla
inseparável Viegas/Martins – bons tecnicamente, mas destacam-se mais pela velocidade a
engatar médicas do que a fintar médicos. Em seguida o Reis que adora canetas – durante o dia
usa-as para estudar, durante o treino para fintar o Rafael. O seu corpo, claramente
desenquadrado do mundo universitário, mostra bem que “Não vem de garfo que o jantar hoje
é sopa”. Temos o Chambel que tanto acha plausível estudar depois de um jantar de equipa,
como começar um jogo a PL e acabar a DC. O Jordão que tem tanto de sono como de
criatividade. O Amorim da Madeira – confunde tanto os adversários quando finta, quanto os
colegas quando fala. Por falar em Madeira, segue-se o homem que adora o cruzamento em
banana – Tiago Amado. Por fim, o maior par de gémeos do universitário, o homem com um
nome auto descritivo – Martim… Rocha.
Tal como o duplo pivot defensivo do Fernando Santos, também na equipa há coisas que
nunca mudam – arraial de medicina rima com jantar de equipa. Apresentação da caloirada. Para
muitos o primeiro “Grandes companheiros”, para o Chambel a primeira bebedeira. Para muitos
o primeiro “Ave Maria”, para o Palha uma quinta-feira normal. Para muitos o primeiro “Miau”,
para o Martins o primeiro beijo feminino. Melhor batedor de penalties? Amorim! Às vezes a bola
entra e sai? Sim, mas só falha quem assume. Depois de algum refluxo estratégico, segue-se
medicina. Tal como o Chega, esta equipa tenta demonstrar não ser sexista – tanto se dá a mão
a uma médica, como um (ponta)pé a um médico. Numa noite de muito companheirismo
destacam-se Viegas e Martins – casal de novatos no jantar, claramente experientes na noite.
Duarte Honrado ganha o prémio do “Dança com as estrelas” depois de uma subida tão
apoteótica quanto inesperada ao palco principal. O Teves ganha o prémio “Achas que sabes
dançar” depois de um (des)passito que leva ao inchaço do tornozelo. Resumindo, uma noite
normal nesta equipa – o Ramalho dançou, o Tó desapareceu, o Tomás foi ressacado para o
trabalho, o tio Lam espalhou charme e o Mendes falou com diversos membros do sexo feminino.
Mas falemos de bola. Primeira jornada adiada devido a problemas alheios, a equipa
foca-se no jogo contra a Autónoma. Numa convocatória incerta até à última hora, Benzomás
que não constava na convocatória inicial (depois de trocar a equipa pela consanguinidade Belga),
salta da bancada para o onze inicial e faz o tento solitário que dá os primeiros 3 pontos ao IST.
Jogo bem conseguido dentro e fora de campo – com a tripla vilela/reis/mendes no meio-campo
e ra10/maxi/geleira na bancada, outra coisa não seria expectável. Mesmo assim, a 2ª dupla
acaba por falhar menos bolas de golo que a 1ª.
Seguem-se 2 percalços inesperados. Um 0 x 1 contra a FCT traduz a desinspiração
ofensiva da equipa num jogo em que o único culpado foi o IST – jogo de baixa intensidade em
que a equipa adormece e sofre as consequências disso. Um jogo com uma tática parecida ao BE
– só se jogou na extrema-esquerda e o treinador, tal como a oposição, reclamou de falta de
ideias à direita.
Semana seguinte acontece futebol. A equipa com mais qualidade e mais vontade de
ganhar o jogo acaba por perder 1 x 2 contra a FML. Estivemos a um ataque à academia de
parecer o Sporting – um futebol ofensivo, sem referência fixa na frente (o chamado avançado
de área), e os muitos golos falhados aliados a 2 desatenções defensivas resultaram num
resultado demasiado penalizador para a equipa azul e branca. Se o Marcelo diz que 400 casos
não são muitos, neste caso 400 oportunidades desperdiçadas é capaz de ser demasiado. E tal
como na igreja, aconteceu o chamado balde de água (benta) fria.
Momento de reflexão – 3 jogos, 3 pontos. Levantar a cabeça, trabalhar e acreditar no
processo. A equipa reage aos maus resultados e obtém uma vitória expressiva por 4 x 0 contra
a lusófona. 15 remates para o 6, 3 satélites desativados à pancada e 132 fintas usando o corpo
depois, chegam não 1, não 2, mas 3 golos do agora intitulado Trilela. Um hat-trick do MOTM
acompanhado por um bom sentido de oportunidade de Pedro, resultam no regresso da equipa
às vitórias. E daqui em diante, o Vilela parece o PS: por ter a maioria absoluta (dos golos), anda
todo inchado.
Três semanas de adiamentos de jogos resultam numa equipa esfomeada de bola. Os
jogos não eram contra medicina, mas o tempo de espera foi parecido ao do SNS. E agora vem
dezembro, vem o Natal: que tenha jogos recheados em vez de pão recheado, que tenha ofertas
dos adversários em vez de ofertas de Natal, que as nossas mães deem perus e não os nossos
GRs, e que em vez de bolo-rei, haja golo do Reis.
Um abraço à família Les Blues,
Pedro Ventura